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segunda-feira, 14 de março de 2011

Em um Mundo Melhor (Hævnen, 2010)


      Uma tendência vista na categoria de melhor filme estrangeiro no Oscar esse ano foi o pessimismo. Apesar de apenas ter visto três dos cinco longas, estes apresentam, em sua estrutura, dramas familiares, histórias paralelas e a tragédia. Mas se Biutiful usava isso de forma muito exagerada, e Fora da Lei continha cenas dispensáveis e grandes pulos na trama, é Em um Mundo Melhor que mais se favorece neste recurso, criando um drama realista e poderoso.

      Na África, um médico sem fronteiras tenta salvar as vitímas da guerra civil num campo de refugiados, enquanto na Dinamarca, seu filho sofre bullying na escola e é ajudado pelo novo menino londrino que acabara de perder a mãe. Um dos pontos fortes da obra é o seu ótimo elenco. Mikael Persbrandt comanda suas cenas com extrema delicadeza, contrapondo a impulsiva atuação do menino William Jøhnk Nielsen, o achado do longa. Trine Dyrholm, Ulrich Thomsen e Markus Rygaard seguram as pontas, e não merecem ser esquecidos.

     Dirigido com punho por Susanne Bier, que também co-escreveu o roteiro junto com Anders Thomas Jensen, o filme mescla as duas histórias de maneira magnífica, acompanhado de uma ótima fotografia. As ações dos personagens são sensatas, como visto na memorável cena onde Anton ensina aos filhos que não se deve bater em idiotas, pois senão viraria um. Já a trilha sonora é perfeita e combina muito bem com o filme. É, entretanto, um pouco decepcionante, que após um hora e meia estudando os personagens, o longa se vire num repentino otimismo, tirando parte de sua força. Mas o merecido vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro, mesmo com este grave equívoco, já havia nos conquistado completamente.

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2 comentários:

  1. Gabriel Neves disse...

    Estou querendo ver esse. Sinceramente, a história não me anima muito, mas minha vontade de conferir continua lá, não sei porquê.
    Abraços.

  2. Rodrigo disse...

    Gabriel - Veja. É muito bom. Abraços.