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sábado, 29 de janeiro de 2011

O Turista (The Tourist, 2010)


      Johnny Depp tem três indicações ao Oscar. Angelina Jolie, uma vitória e outra indicação. Os roteiristas Christopher McQuarrie (do excelente Os Suspeitos) e Julian Fellowes (de Assassinato em Gosford Park) já ganharam os deles também, pelos respectivos filmes citados. E Florian Henckel von Donnersmarck é o diretor de A Vida dos Outros, vencedor de melhor produção estrangeira. Juntos, somam quatro Oscars e oito indicações. Portanto, esperava-se de um time maravilhoso e premiado como esse, um filme, no mínimo, legal. E ele é isso. Mas só que no máximo, pois não ultrapassa essa linha.

      Alexander Pearce é um mundialmente famoso ladrão, que roubou mais de dois milhões de um gângster russo. Elise é usado como peça por ele, que a obriga a encontrar um cara e fingir que é ele, já que mudou de rosto. Ela encontra, então, Frank, um americano pacato e professor de matemática. Na bela Veneza, eles precisam fugir da gangue do tal milionário que quer vingança contra Pearce. Porém, ela não esperava se apaixonar por um cara tão normal quanto ele. Johnny Depp está muito bem. Seu jeito simples, com voz fraca, ajuda na composição do personagem. E o roteiro também é habilidoso em criar ele como um turista bem brega e simples, que abre mapa no meio da cidade e dá uma mãozinha para as pessoas na hora de tirarem a mala do vagão. Contudo, isto prejudica a força da reviravolta final. Jolie, por outro lado, mal se preocupa com a atuação. Apenas quer mostrar para a câmera sua beleza. E isso funciona, até certo ponto. Depois vira palhaçada. A cena do baile é ridícula, e naquela ocasião, ela nem estava tão bonita para, literalmente, todos os convidados (homens ou mulheres) olharem para ela. Paul Bettany, quando aparece, está correto; e Timothy Dalton nada podia fazer com um personagem tão fraco.

      O grande erro do filme, é não se decidir entre comédia ou ação séria (inclusive, até a trilha sonora entrega essa impressão). E o diretor não ajuda em nada. Se Depp quer fazer rir, Jolie quer ser séria. Mas ninguém foi lá e teve coragem de ordenar um a fazer o estilo do outro, ou vice-versa.  As cenas de perseguição são fracas. O roteiro é bom de vez em quando, e incrivelmente cliché e sem-graça às vezes. Os vilões são caricatos, com inteligência mental pior que a do Forrest Gump, e sempre usam preto, para enfatizar a "maldade" deles. Já a tal reviravolta, é nada eficaz. Deu a entender que os roteiristas fizeram aquilo no fim das gravações, porque não condiz com os atos dos personagens nem com os fatos da história. O que resta como a melhor parte do filme, é o começo. Até cheguei a pensar que as críticas estavam se enganando. Infelizmente, não. O filme é cheio de falhas, e Veneza já esteve mais bonita. Aliás, de beleza, só os figurinos, uma vez que Jolie está absurdamente exagerada. Compromete a trajetória desses nomes. O que é uma pena.

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