quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Faça a Coisa Certa (Do the Right Thing, 1989)
Hoje, ver filmes de afro-americanos morando no Brooklyn já não é mais tão incomum. Inclusive, ano passado, Preciosa recebeu certo reconhecimento, e chegou a faturar dois Oscars. Contudo, em 1989, quando Spike Lee lançou esta que ainda é considerada sua melhor obra, sofreu um pouco de preconceito, principalmente devido ao polêmico final, e ao retratar abertamente negros convivendo em sociedade. Mas a verdade é que Faça a Coisa Certa, um dos pioneiros deste subgênero, é até hoje, o melhor exemplar deste tipo de filme.
Mostra um dia na vida de vários personagens, entre eles o DJ Mister Señor Love Daddy, o encrenqueiro Buggin' Out, o entregador de pizzas Mookie, o seu chefe branco Sal, e seus filhos Pino e Vito. Quando Buggin' Out se sente ofendido com o fato da parede da pizzaria apenas ter fotos de pessoas caucasianas, começa uma revolta contra o estabelecimento. Comandado por um contido Spike Lee (que ainda roteirizou a obra), o elenco é cheio de nomes ilustres e atuações fantásticas. Destaque para John Turturro e ao indicado ao Oscar Danny Aiello, além das pequenas participações do então desconhecidos Samuel L. Jackson e Martin Lawrence.
Com uma fotografia avermelhada, para dar mais ênfase ao calor do momento (era o dia mais quente do verão), o longa não se perde em seus inúmeros personagens, e o roteiro é hábil ao entregar tridimensionalidade a todos. A direção é criativa, e a trilha com músicas da época é maravilhosa. O final, mesmo tendo causado em seu lançamento, condiz com a obra, e é incrivelmente original e inesperado. Revela que apesar de sempre comentarmos do preconceito aos afro-americanos, não podemos nos esquecer que eles também praticavam a mesma ideia nos brancos, e que mais importante do que o convívio com pessoas fora de sua concepção, é não poder se negar àqueles que te protegeram, e sempre estiveram ali. E isso atinge seu ápice cômico na cena do tênis, e seu ápice dramático na cena final. Um grande filme, que quebra vários pré-conceitos da humanidade, e ainda diverte fazendo isso.
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Spike Lee tem uma carreira bem irregular como cineasta, mas seu bons filmes compensam todos os seus deslizes. Este está entre meus favoritos e, como você bem apontou, foi uma obra relevante (aqui "impactante" serve como sinônimo) na época de seu lançamento, mas ainda hoje é considerada um marco. Um texto maravilhoso de Lee, excelentes personagens e atuações e, claro, a direção e a fotografia elevam um filme de temática tão importante. Dei 7/10 ou 4/5 quando vi há tempo atrás. E ótimo texto!
*"tempo atrás", desculpe-me pelo erro.
Mateus Selle Denardin - Concordo com praticamente tudo que disse. Obrigado.
Só ouço comentários bons a respeito desse filme, apesar de não ser muito fã de Spike Lee - eu espero um filme bom, irei conferir.
cleber eldridge - Realmente devia. É um dos melhores do Spike Lee.
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