Jogo de Poder (Fair Game, 2010)

      Que os atentados de 11 de setembro abalaram o mundo, isso não tem como negar. Mas talvez o maior problema tenha sido com os EUA, claro. O governo americano via-se numa encruzilhada entre um humilhante contentamento e uma iminente guerra. Só necessitavam de um simples motivo, algo que faria com que eles começassem o bombardeio no Iraque. E logo ele veio. Contudo, para isso, alguém precisou ter mordido a isca, e outros deveriam cair ao se posicionarem contra. E é justamente isso que este tenso drama deseja mostrar.

      Valerie Plame é uma agente da CIA que teve sua identidade revelada, após seu marido, Joe, ter feito condenações publicamente que revelavam manipulações governamentais sobre informações a respeito das armas de destruição presentes no Iraque. Agora, tenta desviar-se das denúncias de morte, enquanto o marido foca-se em dar a volta por cima. Naomi Watts e Sean Penn, além de fornecerem grande química ao casal, repetindo uma dose de sucesso herdada de 21 Gramas, estão muito bem e nos fazem torcer por eles, embaçando qualquer chance de notoriedade nos trabalhos dos coadjuvantes, que de qualquer jeito, amarram as pontas dignamente.

      O roteiro narra com fervor a história do casal, ao mesmo tempo que não se esquece das denúncias e críticas ao mandato de Bush, tão corrupto quanto os do Brasil. Acima disso, não tem medo de usar nomes verdadeiros a certos personagens. Embalado por uma trilha sonora empolgante e diferente, e uma edição primorosa que acrescenta cenas de arquivo às imagens filmadas, a obra encontra seu auge em fortes cenas como o bombardeio visto pelos olhos de um civil no carro, e o emocionante diálogo entre o casal já ao fim do filme. Pena que o diretor, Doug Liman, afim de conferir dinamicidade, mantém a câmera em constante movimento, um erro honesto, mas desnecessário, visto que o longa é bom o suficiente para fazer isso naturalmente.

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