Não Me Abandone Jamais (Never Let Me Go, 2011)

      Se há algo incontestável na vida humana, é que o futuro é incerto. Sempre tentamos adivinhá-lo, mas quase nunca conseguimos prevê-lo. Já pensamos em carros voadores, aparelhos de teletransporte e até cidades inteiras em naves flutuantes no espaço. Contudo, neste caso, se trata sobre os clones, que mostrados aqui, numa radical virada, onde ficção científica é misturado com um forte drama romântico, ganham alma, e resultam num belo, e ao mesmo tempo, melancólico trabalho.

      Kathy, Ruth e Tommy são três crianças que vivem num internato inglês chamado Hailsham no final da década de 70, enquanto se preparam para a terrível verdade de suas existências. Adultos, criam um triângulo amoroso, e descobrem um jeito de adiarem o inevitável, contanto que dois deles se apaixonem. Carey Mulligan confirma que sua indicação ao Oscar ano passado não foi mera coincidência, e Andrew Garfield se revela, mais uma vez, um ótimo ator, roubando todas as cenas. Já Keira Knightley ainda tem muito o que aprender diante destes dois, e Sally Hawkins e Charlotte Rampling se contentam com participações pequenas, todavia marcantes.

      Dirigido poeticamente por Mark Romanek, e escrito com sensibilidade por Alex Garland, o filme se apoia em ambientes e figurinos sem grandes cores, para retratar a difícil e crua realidade do grupo. A fotografia é maravilhosa, e a trilha sonora triste e contida. O único erro, dentre tantas qualidades, é novamente a narração em off, que como visto na cena final, explica para o espectador as conclusões que nós mesmo devíamos chegar, numa óbvia e infeliz ofensa ao público. Trágico, original e envolvente, foi injustamente esquecido pelas variadas premiações americanas, um equívoco incabível, uma vez que é quase indispensável, e um grande estudo de personagens.

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