Alejandro González Iñárritu nunca tinha feito nada sem a parceria de Guillermo Arriaga antes. Brigados desde de algum momento após Babel, os dois seguiram caminhos diferentes. O roteirista fez Vidas Que Se Cruzam, que não obteve muito sucesso. Já o diretor volta agora com esse drama pesado e sujo, numa parceria mexicana e espanhola que deve ser indicada ao Oscar de melhor filme estrangeiro, e talvez, até por melhor ator.
Uxbal é um pai de dois filhos que descobre ter câncer de próstata e morrerá em poucos meses. Para ter certeza que sua família viverá bem quando se for, começa e economizar dinheiro se envolvendo em tráfico de chineses. Para piorar a situação, sua ex-mulher volta e quer ser parte da vida dele de novo. Javier Bardem está maravilhoso. Ganhador do Festival de Cannes por este filme ano passado, ele está sofrido, impulsivo e amoroso ao mesmo tempo, conferindo tridimensionalidade ao personagem. Maricel Álvarez também está em grande momento. E o pequeno Guillermo Estrella é o achado do filme. Ambíguo e engraçado.
O roteiro (co-escrito pelo próprio Alejandro González Iñárritu) é muito bom. A história sobre tráfico chinês é uma ótima crítica política. A fotografia, ajudada por uma bela direção de arte, pega os piores ângulos de uma parte que deve ser a mais feia da região Catalunha (tanto que a cena mais bonita do filme é a única que não se passa nela), e a trilha sonora diferente casa extremamente bem com o filme. É cru, forte e delicioso de se assistir. Mais uma vez o cinema da Espanha mostra que ainda é um dos melhores atualmente.
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