segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Tio Boonmee (Loong Boonmee Raleuk Chat, 2010)
Já ouviu falar de filme de festival? É um adjetivo dado a certas obras que, lentas e alternativas, parecem ter sido concebidas exatamente para ganharem festivais, uma vez que os jurís destes gostam de qualquer coisa que seja diferente. Há dois tipos: aquele onde realmente o conteúdo seja bom, e aquele simplesmente feito atrás desses prêmios. Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas (esse é o nome verdadeiro, que achei que ficaria muito grande - e feio - no título) parece se encaixar aqui. Tanto, que venceu a Palma de Ouro, prêmio principal do Festival de Cannes, um dos mais renomados do mundo. Contudo, fica a dúvida: em qual categoria?
Boonmee é um homem que já foi de tudo nesta vida, desde princesa que entrega sua vida a um peixe até um búfalo. Hoje, é um homem doente que deseja manter a fazenda na família, e tem forte conexão com a natureza. Contudo, recebe visitas do espírito de sua falecida mulher, e de seu filho desaparecido, que se acasalou com uma macaca, e hoje é um deles (já deu para notar o nível de estranheza, apesar de tudo se encaixar na religião budista ou no folclore tailandês). Todos os atores falam baixinho, enfatizando o ritmo calmo do ambiente, na qual os personagens aprenderam a viver, juntos. Nenhum se destaca do outro, mas todos estão bem.
A opção de manter a câmera parada, com poucos cortes e planos, é muito interessante. E a trilha sonora é praticamente inesistente. Apenas se ouve barulhos de bichos e vento, revelando um ótimo design de som. É um longa que deve ser melhor interpretado pelos conhecedores do budismo. As cenas são lindas, porém dá a impressão de que todas estas longas tomadas e diálogos estão lá somente para marcar espaço numa obra sem história. Chato, arrastado e difícil, impressiona poucas vezes. Aprecio a coragem do diretor Apichatpong Weerasethakul (ou Joe, nome dado a si mesmo para os estrangeiros) em tempos onde espectadores gostam mais de filmes dinâmicos, mas vejo seu longa como uma obra de festival ruim, portanto, manipulador em sua essência.
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Sem querer, removi os comentários, portanto gostaria de agradecer a Cinéfila por Natureza e Antonio Nahud Júnior por terem gentilmente comentado. A vida do blog ainda é curta, então creio que isso não acontecerá de novo. Desculpem pelo transtorno.
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