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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

DVD em Janeiro

Pequenos comentários dos filmes vistos por mim em Janeiro, em DVD (por ordem alfabética):

O Aprendiz de Feiticeiro (The Sorcerer's Apprentice, 2010)

Dave é um nerdão que descobre ser o próximo de uma grande linhagem de bruxos poderosos, sucedendo o famoso mago Melin. Balthazar Blake, seu novo mestre, era um dos três aprendizes dele. Os outros dois são Maxim Horvath e Veronica. O primeiro traíu o mago, e o entregou nas mãos de Morgana, que em seguida o matou. Porém, Blake prendeu os três, e agora, com a ajuda de Dave, pretende aniquilar Horvath e Morgana, e salvar Veronica. O filme diverte, tem efeitos legais, e nem brinca com o espectador. Alfred Molina e Jay Baruchel estão muito bem, e são o ponto alto, porém Nicolas Cage esta de novo no automático, e Monica Belucci é subaproveitada. Mas vale a pena, além de ser curto.
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Ela é Demais Pra Mim (She's Out of My League, 2010)

Kirk (Jay Baruchel, divertido) é um sujeito que acabou de perder a namorada. Solitário e triste, trabalha no aeroporto, porém aspira algo maior, como piloto de avião. Um dia, uma mulher (Alice Eve, simpática) esquece o celular antes de embarcar, e ele é encarregado de devolver. Ela, que recentemente namorou um cara que apenas a usava, se sente desamparada e vê em Kirk uma chance de ter um relacionamento sem problemas. Mas ele acredita que é ruim demais para ela. Cheio de piadas sujas e de duplo-sentido, não é para qualquer tipo de público. Tem seus momentos, e dura mais do que devia, contudo atinge aqueles a quem destina muito bem.
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Gente Grande (Grown Ups, 2010)

Lenny Feder, Eric Lamonsoff, Kurt McKenzie, Marcus Higgins e Bob Hilliard são cinco amigos de escola que ganharam um campeonato de basquete quando crianças. Após a morte do antigo técnico deles, decidem passar um fim-de-semana juntos com os filhos e mulheres para refortalecer a amizade. Bobo, sem-graça, e incrivelmente mal atuado por todos, sem exceção, do elenco, contém situações absurdas e cenas vergonhosas. De bom, só a ideia inicial, a duração, pois quanto mais rápido isso acabar melhor, e algumas situações originais. Parece que o encontro dos grandes comediantes falhou, justamente, nesses grandes comediantes. E eles continuam emplacando, infelizmente.
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Irreversível (Irréversible, 2002)

Alex acabou de ser estuprada, e Marcus, seu namorado, quer descobrir quem fez isso e matá-lo, com a ajuda do amigo Pierre. Contado de trás para frente, é um filme forte e sensacional. A cena do estupro fica com a câmera parada por uns sete minutos, e nós apenas vemos o que acontece. Começa de forma estranha, com a lente dando giros e voltas no ar, passando por um clube gay, onde pouco percebemos o que acontece. Mas tudo isso só aumenta a grandeza do filme. Polemizou muito na época de seu lançamento, e o jeito peculiar de filmar não devia fazer você para de assistir. É um ótimo estudo de personagens, e o elenco está maravilhoso. Cheio de reviravoltas, é um longa imperdível, e um dos melhores da década passada.
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Jonah Hex - O Caçador de Recompensas (Jonah Hex, 2010)

Jonah Hex é um marido e pai que lutou em várias guerras e assassinou a família de Quentin Turnbull, que em seguida retrucou na mesma moeda. Agora, vivendo como um destemido caçador de recompensas, ganha dinheiro procurando ladrões e a procura do homem que destruiu sua vida. Quando o presidente dos EUA necessita de sua ajuda, em troca do paradeiro do vilão, ele parte para uma nova missão. É estranho a presença de dois nomes tão fortes e  grandes como Josh Brolin e John Malkovich (um dos meu atores favoritos) nesse filme baseado num HQ, porque é simplesmente horrível. Nada convence. E não entendo a reclamação com a atuação da Megan Fox, que pouco aparece, por isso nem compromete nem ajuda. A única parte boa é a maquiagem, esquecida no Oscar (sim, por mais louco que pareça, merecia).
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Kill Bill: Vol 1 (Idem, 2003)

Uma mulher (nunca é revelado seu nome, pelo menos nesse filme) prestes a se casar, quase é morta por cinco pessoas, entre elas Bill. Porém, seu futuro marido e bebê não sobreviveram. Desesperada por vingança, vai a procura dos cinco, um por um. Quentin Tarantino pensou nessa ideia dez anos antes enquanto gravava Pulp Fiction. Chamou Uma Thurman, daquele mesmo longa (e que está muito boa aqui), e fez este que é um dos seus melhores filmes (contudo, abre a obra de uma maneira egoísta e egocêntrica, na famosa tagline "The 4th film by Quentin Tarantino"). De qualquer jeito, é violento, engraçado, ágil, com uma fantástica história em estilo mangá no meio, e um final arrebatador. A mudança na linearidade dos fatos pode até parecer desnecessária, mas é de vital importância no força desse filme.
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Kill Bill: Vol 2 (Idem, 2004)


Beatrix Kiddo (a mesma pessoa do primeiro, só que neste seu nome foi revelado) já matou dois dos assassinos de sua família, e agora parte para Elle Driver, Budd, e, obviamente, Bill. Mas não esperava descobrir que sua filha esta viva. Infelizmente, praticamente tudo que funcionara no primeiro se perde aqui. Existe mais diálogo e história, porém, em consequência disso, também cenas que facilmente poderiam ser descartadas, além de ser bem maior do que o devido. Contudo, ainda sim tem ótimas cenas, como a conversa entre Elle e Budd; e o treinamento do mestre Pai Mei. O final é lento e equivocadamente anti-climático. Kill Bill: Vol 1 merecia uma continuação melhor, apesar deste ser outra excelente obra de Quentin Tarantino, que eu gostei, mesmo que no texto pareça que não.
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Medos Privados em Lugares Públicos (Coeurs, 2006)

Nicole é uma mulher que perdeu o interesse em seu noivo. Dan é esse tal noivo, que passa seus dias bebendo num bar. Thierry é um corretor de imóveis solitário. Gaëlle é sua irmã, que todas as noites vai a um café sozinha. Lionel é um bartender com um pai doente. Charlotte é uma assistente que de vez em quando trabalha como enfermeira. Seis histórias que se entrelaçarão, eventualmente. Popular em São Paulo, onde já está três anos em cartaz, é um filme com boas atuações e um roteiro excelente, que mescla as vidas destas pessoas muito bem. Os personagens são, em maioria, desiludidos, e o nome francês do filme retrata isso perfeitamente (corações). Todos estão tendo problemas com essa pequena parte do corpo, mas que move a vida deles. Uma rara e sensível obra.
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Não Estou Lá (I'm Not There, 2007)

Cinebiografia do Bob Dylan, interpretado por seis atores diferentes, cada um em uma parte da vida dele. Marcus Carl Franklin faz ele na era folk; Christin Bale no começo das músicas políticas e, novamente, na fase religiosa; Cate Blanchett a versão porra-louca (digamos assim); Heath Ledger a parte familiar e a carreira no cinema; Ben Wishaw quando poeta; e Richard Gere na parte cansada com o mundo. Iria mentir se dissesse que o filme é ruim. Pois não é. Há cenas maravilhosas, atuações brilhantes (em especial a da Cate Blanchett) e uma edição fantástica. Porém não me fisgou. Talvez porque eu não seja dos dez maiores fãs do Bob Dylan. Mas entendo quem goste.
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Paradise Now (Idem, 2005)

Said e Khalad são dois amigos de infância normais que trabalham numa oficina. Um dia, são convidados a virarem homens-bomba em troca da felicidade eterna e do paraíso. O começo do filme é extremamente crucial para a narrativa, pois mostra estes dois homens comuns, que nada de especial tem, e que praticam pouca religião, o que não só humaniza essas pessoas que realmente acreditam estarem fazendo isso por uma causa, como também revela que eles amam, e sentem emoções como a gente. O problema, é que no último ato do filme, quase vira um suspense policial besta. Contudo, nada que estrague a experiência de se relacionar com estes dois homens, interpretados dignamente por Kais Nashif e Ali Suliman.
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O Pianista (The Pianist, 2002)

Wladyslaw Szpilman é um polonês judeu comum, que toca piano para uma rádio. Quando os alemães invadem seu país, é obrigado a seguir pela suas regras, incluindo viver num cubículo separado por altos muros e usar faixas nas mangas. Roman Polanski é um dos maiores diretores em atividade. Ele próprio é judeu e viveu uma vida um tanto parecida, e talvez essa seja a razão dele ter feito um trabalho tão bom. Nunca melodramático, sensível, retrata maravilhosamente as dificuldades passadas pelos poloneses. E um destaque especial para Adrien Brody. Seu personagem não é um cara famoso, e portanto cheio de tiques. É igual a qualquer um de nós. O que torna sua caracterização bem mais complexa. Melhor atuação da sua carreira. Um excelente filme.
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A Queda - As Últimas Horas de Hitler (Der Untergang, 2004)

Retrata, como diz o título, as últimas horas de Hitler, sob a visão de sua secretária, além de outras passagens envolvendo nazistas, como um moleque de catorze anos que ainda crê numa revirada e luta bravamente contra os russos, e um médico que faz de tudo para salvar seus pacientes. Oliver Hirschbiegel foi corajoso ao adaptar esta obra. Algumas pessoas acreditavam que ele iria humanizar excessivamente Hitler. O que aconteceu, mas não tanto quanto pensavam. Costumamos ver ele como o mal supremo. E isso não é verdade. Ele tinha suas qualidades e defeitos, e o longa mostra isso com eficiência, deixando a tragédia maior do que já é. Ele foi um homem como qualquer um de nós, e poderia, muito bem sim, acontecer o mesmo de novo. Bruno Ganz, na melhor atuação de sua carreira, entrega a Hitler poder suficiente, para ao fim, nos lembrarmos que ele realmente causou tudo aquilo. E que a sua liderança é notável, assim como sua maldade e força de vontade.
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1 comentários:

  1. Gabriel Frati disse...

    Que bom que acha, como eu, Kill Bill: Vol. 1 um ótimo filme (e ligeiramente melhor que o 2). Mas a melhor do post foi o comentário positivo sobre filme do Resnais!