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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Reencontrando a Felicidade (Rabbit Hole, 2010)

      Nascemos, crescemos, nos casamos, temos filhos, morremos. Nos mais simples termos, uma vida completa é assim. Ao decorrer dela, é onde aparece os momentos bons e ruins. Mas o que fazer quando uma alma perde a chance de seguir este rumo logo após o segundo item citado? Enquanto no mundo existem assassinos, estupradores e ladrões, uma ordinária criança dá adeus. Porém, o problema nunca termina aí. Pois vem o luto da família. A reconstituição. A redenção. Este é o momento tratado neste tocante filme. O reencontro com uma tão sonhada felicidade.

      Becca e Howie perderam seu filho de quatro anos há oito meses num acidente de carro. Juntos, começam a participar de grupos de apoio em busca de consolo. Contudo, é na amizade com Jason, o adolescente que atropelou a criança, que ela encontra sua maior oportunidade de salvação. Nicole Kidman, assim como sua personagem, se reinventa após uma série de longas irregulares, interpretando a mulher com uma notável calma, e Aaron Eckhart acaba sendo uma ótima dupla para ela, entregando química e sensatez. Já Dianne Wiest e Miles Teller acertam na sensibilidade de suas performances.

      Dirigido sem exageros por John Cameron Mitchell e escrito por David Lindsay-Abaire numa adaptação de sua própria peça, o filme tem seu maior problema em seu extremo realismo da vida, que portanto, custa a nos emocionar completamente. Entretanto, os atos maduros e as situações verossímeis do roteiro nos conquistam, embalados por uma belíssima trilha sonora. E ao pular o melodrama da morte do menino, o filme não apenas revela-se corajoso, mas também inteligente. Talvez sufoque alguns, porém a reflexão vinda do desenho feito pelo jovem culpado já é o suficiente para a obra se tornar indispensável.

****

4 comentários:

  1. Gabriel Neves disse...

    Eu já pensei o contrário. Enquanto o filme, apenas com sua temática, conseguiu me emocionar profundamente, achei a reflexão do garoto bem arrastada para a obra. Cenas como os diálogos entre Kidman e Wiest ou Nicole Kidman no supermercado arrancaram as lágrimas dos meus olhos à força.
    Abraços.

  2. Alan Raspante disse...

    Um filme redondinho, aonde tudo funciona perfeitamente bem. Um filme tão harmonioso que se torna algo singelo. Gostei mais do que imaginava que iria gostar!

    Abs.

  3. Cristiano Contreiras disse...

    Eu concordo com o ponto de vista de Gabriel acima.

    Gosto desse filme, ainda mais por achar que o roteiro, nem mesmo a direção, quer "brincar" de tentar emocionar o expectador. A emoção surge, naturalmente, diante de tanta dor real dos personagens.

    Belo filme e Kidman está soberba!

  4. Rodrigo disse...

    Gabriel - De um jeito ou de outro, gostamos do filme. Abraços.

    Alan Raspante - Eu também. Abraços.

    Cristiano Contreiras - Concordo. Abraços.